Eu o Violar

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Eu o Violar

Eu e o Violar

 

Sou o professor aposentado Otacílio Pinto de Carvalho, editor do blog Violar. Os textos no Violar postados sou eu por mim mesmo. Incorrigivelmente saudoso de minhas incertas nos taiados do Pedra-do-Fidalgo, o lugarzinho onde nasci, às margens do rio Parnaíba. Os taiados! Enormes rochedos aos meus olhos de menino, taiados de belezas inigualáveis; lugar onde pacas e rabudos faziam suas tocas e por onde papai os caçava para mamãe preparar cheirosos e deliciosos assados, fritos no azeite extraído das amêndoas do babaçu, arrancadas da casca do coco no cume do machado afiado, a cacetadas; amêndoas torradas na panela grande de ferro preto e depois socadas no pilão de duas bocas.

Saudoso, choro as lembranças do lugarzinho onde nasci e de onde não saí até meus anos chegarem e me trazerem para a cidade grande estudar, aprender as letras, como era a vontade do vovô. Lembro-me sempre do Pedra-do-Fidalgo! Eu, deitado nas areias brancas às margens do Parnaíba, debaixo do pé-de-manga da barra: o barulho das águas em redemoinho, nas barrancas; as lanchas paco-paco passando... choro as lembranças das caçadas aos passarinhos, de baladeira na mão, andando por entre o bananal plantado que separava o rio do taiado enorme, feliz com meus irmãos e os garotos outros filhos dos moradores de lá do Pedra-do-Fidalgo!... 

Embora a ação do verbo violar quase sempre nos traga à memória coisas ruins, que nem sempre vale a pena esse trabalho mental, o Violar quer apenas revelar. Na prosa, na poesia, na fotografia, no vídeo... revelar sentimentos, aqueles que estão  enamorados lá bem no fundo, e teimam em se esconder; mostrar a pessoa dentro do cidadão, em seus vários papéis na sociedade; o profissional, o pai, o marido, o irmão. O filho saudoso dos pais que um dia partiram e... falar do ser-humano que a sociedade, em causa da violência produzida nela por ela mesma, não permite a todos mostrar. Tocar. Aproximar. O medo de o violar revelar seja o violar violentar; o violar agredir. Violar os medos e os fantasmas que impedem o ser pessoa e o ser humano ser gente.