Brené Broun
Leitura de A Coragem de ser Imperfeito
Editora: Sextante. Rio de Janeiro. 2016
Título Original: Daring Greatly
Tradução: Joel Macedo
I – Escassez: Por Dentro da Cultura de Não Ser Bom o Bastante
Analisando o narcisismo pelas lentes da vulnerabilidade
01 – A vontade de acreditar que o que estamos fazendo tem importância é facilmente confundida com o estímulo para sermos extraordinários. (p. 21)
02 – As ideias de grandeza e a necessidade de admiração parecem um bálsamo para aliviar a dor de sermos tão comuns e inadequados. (p.21)
A fonte da escassez [vergonha – comparação – desmotivação]
03 – O oposto de viverem escassez não é cultivar o excesso. (p. 25)
04 – Os elementos mais raros em uma sociedade da escassez sãoa disposição para assumir nossa vulnerabilidade e a capacidade de abraçar o mundo a partir da autovalorização e do merecimento. (p. 26)
II – Derrubando os Mitos da Vulnerabilidade
Mito 1: “vulnerabilidade é fraqueza”
05 – Quando passamos a vida nos afastando e nos protegendo de um estado de vulnerabilidade ou de sermos vistos como sentimentais demais, ficamos contentes quando os outros são menos capazes de mascar seus sentimentos. (p. 27)
06 – Sentir é estar vulnerável (p. 27)
07 – Nossa rejeição da vulnerabilidade deriva com frequência da associação entre ela e as emoções sóbrias como o medo, a vergonha, o sofrimento, a tristeza e a decepção – sentimentos que não queremos abordar mesmo quando afetam profundamente a maneira como vivemos, amamos, trabalhamos e até exercemos a liderança. (p. 28)
08 – Quando estamos vulneráveis é que nascem o amor, a aceitação, a alegria, a coragem, a empatia, a criatividade, a confiança e a autenticidade. (p. 28)
09 – Vulnerabilidade –e incerteza, risco e exposição emocional. (p. 28)
10 – O desejo de nos expor nos transforma. Ele nos torna um pouco mais corajosos a cada vez. (p. 34)
Mito 2: “vulnerabilidade não é comigo”
11 – A vida é vulnerável. (p. 34)
12 – A palavra traição evoca experiência de falsidade, mentira, quebra de confiança, omissão de defesa quando nosso nome está envolvido em intrigas ou fofocas e de não sermos escolhidos como alguém especial entre outras pessoas. (p. 40)
13 – O descompromisso gera humilhação e desperta nossos maiores medos: de ser abandonado, desvalorizado e desprezado. (p. 41)
14 – Com os filhos, as atitudes têm mais peso do que as palavras. (p. 41)
15 – [...] a confiança é um produto da vulnerabilidade que cresce como temo e exige trabalho, atenção e comprometimento total. (p. 42)
16 – Só depois de aprendermos a receber com um coração aberto é que poderemos nos doar com um coração aberto. (p. 42)
III – Compreendendo e Combatendo a Vergonha
Vulnerabilidade e vergonha
17 – [...] se não nos reconciliarmos com nossa vergonha, com nossos conflitos, começaremos a acreditar que há algo errado conosco, que nós somos maus, defeituosos e, pior ainda, começaremos a agir com base nessas crenças. (p. 47)
18 – [...] vive com ousadia exige autovalorização. (p. 50)
19 – Às vezes, quando ousamos caminhar na área da vida, o maior crítico que enfrentamos somos nós mesmos. (p. 51)
20 – Somos psicológica, emocional, cognitiva e espiritualmente criados para o amor, para os relacionamentos e para a aceitação. (p. 52)
21 – Vergonha é o sentimento intensamente doloroso ou a experiência de acreditar que somos defeituosos e, portanto, indignos de amor e aceitação. (p. 52)
Depois de compreender o que é a vergonha, o que se deve fazer?
22 - Quatro elementos de resiliência à vergonha: (p. 58)
A – Reconhecer a vergonha e compreender seus mecanismos. Vergonha é biologia e biografia.
B – Praticar a consciência crítica.
C – Ser acessível.
D – Falar da vergonha.
23 – Empatia é se conectar como sentimento que alguém está experimentando, e não com o acontecimento ou a circunstância. (p. 62)
Grandes e todo-poderosos
24 – Encobrir a vergonha machuca tanto quanto expô-la. (p. 73)
Irritados ou retraídos
25 – [...] quando os homens aprendem a lidar coma vergonha, isso muda e eles passam a reagir com consciência, autovalorização e empatia. (p. 74)
As palavras que nunca podemos desdizer
26 – [...] só podemos amar alguém na medida em que amamos a nós mesmos. (p. 81)
27 – Não é a falta de declarações de amor que nos coloca em dificuldade nos relacionamentos; o que produz as feridas é deixar de praticar o amor. (p. 82)
Tornando-se autêntico
28 – [...] a vergonha é o medo de perder vínculos – o medo de não sermos dignos de amor e de aceitação. (p. 84)
IV – Arsenal Contra a Vulnerabilidade
Paradoxo: vulnerabilidade é a última coisa que quero senti em mim, mas a primeira que procuro no outro. (p. 86)
Escudos universais contra a vulnerabilidade
O escudo da alegria como mau presságio
29 – [...] quando perdemos a capacidade ou o desejo de ficar vulnerável, a alegria se torna algo que vemos com profunda desconfiança. (p. 90)
30 – Em uma cultura de profunda escassez – de nunca nos sentirmos seguros ou certos o batante -, a alegria parece uma farsa. (p. 90)
Viver com ousadia: praticar a gratidão
31 – Será que merecemos nossa alegria, sendo pessoas tão incapazes e imperfeitas? Com tantas crianças famintas e tantas guerras no mundo, quem somos nós para sermos dignos de algria? (p. 94)
Três lições sobre alegria e luz: (p. 93)
A – A alegria nos visita em momentos comuns. Não corra o risco de deixar a alegria passar despercebida mantendo-se ocupado demais perseguindo o extraordinário.
B – Seja grato pelo que tem. [...] Quando você valoriza o que tem, também está valorizando o que o outro perdeu.
C – Não desperdice alegria. [...] sempre que nos permitimos nos entregar à alegria e ceder a esses momentos, nós fortalecemos nossa resistência e cultivamos esperança.
O escudo do perfeccionismo
32 – As coisas mais preciosas e importantes chegaram em minha vida quando tive coragem para ser vulnerável, imperfeito e tolerante comigo mesmo. O perfeccionismo não é o caminho que nos leva aos nossos talentos e ao sentido da vida; ele é um desvio perigoso. (p. 97)
33 – [...] não há manei de se do minar uma percepção (perfeccionismo), por mais tempo e energia que se gaste tentando. (p. 99)
Viver com ousadia: apreciar a beleza das falhas
34 – [...] o amor próprio tem três elementos: generosidade consigo mesmo, humildade e consciência. (p. 100)
35 – As duas formas mais poderosas de estabelecer um vínculo com alguém são o amor e a aceitação – ambas necessidades inegociáveis de homens, mulheres e crianças. (p. 108)
36 – Vínculo: É a energia criada entre pessoas quando elas se sentem vistas, ouvidas e valorizadas; quando elas podem dar e receber sem julgamento. (p. 109)
37 – Aceitação: É o desejo humano inato de ser parte de alguma coisa maior do que nós. (p. 109)
38 – Como a verdadeira aceitação só acontece quando apresentamos nosso eu autêntico e imperfeito para o mundo, o nosso senso de aceitação nunca pode ser maior do que no nível de autoaceitação. (p. 109)
39 – Acredito que assumir o nosso valor é o ato de reconhecimento de que somos sagrados. (p. 111)
Viver com ousadia: deixar as intenções claras, impor limites e cultivar vínculos
40 – Grande parte da beleza da luz se deve à existência das trevas. (p. 110)
41 – Compartilhar algo pessoal para ensinar ou fazer um processo avançar pode ser saudável e eficaz, mas revelar informações como um modo de trabalhar seus problemas pessoais é inapropriado e antiético. (p. 120)
O escudo desconfiança, crítica, frieza e crueldade
42 – Se sua decisão for entrar na arena e viver com ousadia, prepare-se para dar a cara a tapa. (p. 123)
Viver com ousadia: andar na corda bamba, praticar a resiliência à vergonha e avaliar a realidade
43 – O medo de ser vulnerável pode desencadear crueldade, crítica e desconfiança em todos nós. Assumir a responsabilidade pelo que dizemos é o modo de verificar nossas intenções. (p. 125)
V – Diminuindo a lacuna de valores: trabalhando as mudanças e fechando a fronteira da falta de motivação
A fronteira da falta de motivação
44 – Políticos de todos os partidos fazem leis que eles não são obrigados a cumprir, ou que não os afetam, e adotam comportamentos que levariam quase todos nós à demissão, ao divórcio ou à prisão. (p. 129)
45 – Fé menos vulnerabilidade é igual a política, ou ainda pior, a fanatismo. O verdadeiro comprometimento espiritual não é construído sobre a submissão, mas é produto do amor, da aceitação e da vulnerabilidade. (p. 130)
46 – Não podemos dar àa pessoas o que não temos. Quem somos importa infinitamente mais do que o que sabemos ou queremos ser. (p. 130)
VI – Compromisso perturbador: ousadia para reumanizar a educação e o trabalho
47 – Líder é alguém que assume a responsabilidade de descobrir o potencial de pessoas e situações. (p. 135)
O desafio da liderança na sociedade da escassez
48 – [...] as ideias inovadoras geralmente parecem loucas, e o fracasso e o aprendizado fazem parte da revolução. (p. 136)
49 – Mudança gradual e evolução são importantes e precisamos delas, mas estamos ávidos por uma revolução verdadeira, e isso exige um tipo diferente de coragem e criatividade. (p. 136)
50 – Aprender e criar são atitudes que, por natureza, nos coloca em posição vulnerável. Nunca há certeza suficiente. As pessoas querem garantias. (p. 136)
51 – [...] não se pode aprender de cabeça baixa e boca fechada. (p. 137)
52 – Nenhuma empresa ou escola pode ter sucesso sem criatividade, inovação e aprendizado permanente, e a maior ameaça a esses três elementos é a falta de motivação. (p. 137)
53 – [...] os líderes precisam se comprometer a reumanizar a educação e o trabalho. (p. 137)
Sinais de que a vergonha impregnou a cultura
54 – Culpa, fofocas, favoritismo, apelidos pejorativos e assédio são comportamentos indicadores de que a vergonha impregnou a cultura de um lugar. (p. 139)
O jogo da culpa
55 – Eis a melhor maneira de pensar sobre a relação entre vergonha e culpa: se a culpa estiver no volante, a vergonha estará no banco do carona. (p. 143)
A cultura de esconder a verdade
56 – Quando uma instituição deixa transparecer que é mais importante proteger a reputação de um sistema e dos que detêm o poder do que proteger a dignidade humana de indivíduos ou comunidades, temos certeza de que a vergonha nesse lugar é sistêmica, que o dinheiro governa a ética e que ninguém assume responsabilidades. (p. 144)
Diminuir a lacuna de valores com feedback de qualidade
57 – [...] enxergar o desempenho focando nos pontos fortes de uma pessoa nos dá a oportunidade de examinar nossas tarefas à luz de nossas capacidades, talentos, competências, possibilidades, visões, valores e esperanças. (p. 147)
58 – [...] o tamanho, a gravidades ou a complexidade de um problema nem sempre determinam nossa reação emocional a ele. (p. 152)
A coragem para estar vulnerável
59 – É difícil encontrar liderança porque poucas pessoas estão dispostas a enfrentar o desconforto exigido para ser um líder. (p. 156)
VII – Criando filhos plenos: ousando ser o adulto que você quer que seus filhos sejam
Criar filhos na cultura da escassez
60 – Quando nos agarramos obsessivamente às nossas escolhas sobre educação e vemos alguém praticando outras formas, geralmente percebemos essa diferença como uma afronta ao modo como educamos nossos filhos. (p. 160)
61 – Quem somos e a maneira como nos relacionamos com o mundo são indicadores muito mais seguros de como nossos filhos serão do que tudo o que sabemos sobre criar filhos. (p. 160)
62 – Você é o adulto que deseja que seus filhos se tornem um dia? (p. 161)
63 – [citando Joseph Chilton Pearce] “O que somos ensina mais uma criança do que o que dizemos, portanto precisamos ser o que queremos que nossos filhos se tornem.” (p. 161)
Compreendendo e combatendo a vergonha
64 – Se uma criança conta uma mentira, ela pode mudar esse comportamento. Se ela é uma mentirosa, onde está o potencial para mudar nisso? (p. 167)
65 – [...] as experiências de vergonha na infância afetam nossa autoestima e mudam quem somos e a maneira como nos enxergamos. (p. 168)
Diminuir a lacuna de valores: apoiar nossos filhos significa apoiar os pais
66 – Ninguém pode afirmar que cuida do bem-estar de crianças se estiver envergonhando outros pais pelas escolhas que estão fazendo. (p. 171)
A coragem para estar vulnerável
67 – Se estivermos sempre seguindo nossos filhos na arena da vida, calando as críticas e assegurando sua vitória, eles nunca aprenderão por conta própria que têm a capacidade de viver com ousadia. (p. 180)
Em um mundo onde a escassez e a vergonha dominam e sentir medo tornou-se um hábito, a vulnerabilidade é subversiva. Incomoda. Até um pouco perigosa, às vezes.